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Review Dungeons & Dragons: Honor Among Thieves



Prefácio

Antes de tudo, queria agradecer à NOS e à WTF por me terem premiado com bilhetes

duplos para a atestreia do filme no concurso que fizeram pelo Instagram, o que me permitiu

fazer esta review do filme a tempo do seu lançamento do dia 30 de Março. Infelizmente, a ideia era fazer uma coisa mais especial e fazer uma reportagem em vídeo para depois ser postado no canal de YouTube, mas depois de uma conversa com a responsável do screening no cinema NOS Colombo, foi decidido que não valeria a pena e então decidimos que uma review seria suficiente.

Também serve como palavra de aviso que esta review entra em zona de spoilers e vai

fazer ao inicio um resumo dos primeiros minutos do filme. Por isso, se não quiserem estragar avossa experiência, vejam o mesmo antes de continuar a ler ou então saltem para a minha

conclusão, onde dou a minha opinião final.


História

A nossa história começa em Revel’s End, uma prisão de alta segurança localizada em

Icewind Dale, em que Edgin Darvis, o bardo eloquente, e Holga Kilgore, a bárbara berserker, estão presos por terem roubado artefactos de um cofre guardado pela antiga ordem de paladinos em que Edgin fazia parte, os Harpers (pista que antigamente ele próprio era um paladino mas que renunciou o seu juramento, tornando-se num oathbreaker). Estes entretanto escapam da prisão durante a audiência que supostamente os iria libertar saltando da janela no topo da torre sequestrando um dos juízes que se tinha atrasado e que, por acaso, era um aarakocra (para quem não conhece, são uma raça de pássaros humanoides) que podia amparar a queda pairando com as suas asas. Depois de algum tempo e de uma passagem pela vila de origem deste par, eles chegam a Neverwinter (um dos grandes reinos de Sword Coast) e encontram-se com duas das pessoas que conseguiram escapar ao cofre sem serem apanhados. O Forge Fitzwilliam, um ladrão

experiente e atual líder de Neverwinter, e Sofina, a maga que os contratou para o mesmo e agora conselheira suprema de Forge. Edgin exige a devolução de um dos artefactos roubados. Um que podia ressuscitar uma pessoa de qualquer tipo de morte por mais incurável que fosse e a única razão pela qual ele participou na missão pois a queria utilizar-lo para ressuscitar a sua mulher que tinha sido assassinada pelos Thayans (seres undead transformados com uma relíquia de Szass Tam, um poderoso mago que se tornou lich, do cofre que é o ponto fulcral do filme) com uma Lâmina dos Magos Vermelhos. Forge recusa-se a dar esse artefacto juntamente com a filha de Edgin, Kira, que este tinha acolhido como filha dele depois de um juramento com o protagonista no cofre antes de escapar. Sob o aconselhamento de Sofina, ordenou os seus guardas para que os levassem para um sítio recôndito para serem decapitados. Antes que isso acontecesse, Holga pega numa pedra solta do chão e despolta uma luta intensa entre ela e os guardas, enquanto Edgin se tenta libertar das suas amarras. Eles escapam de Neverwinter sentindo-se enganados por Forge e formulam um plano para roubar o artefacto e salvarem Kira durante os Jogos do Alto Sol, que iria acontecer brevemente. Para executar esse plano, eles recrutam Simon Aumar, feiticeiro de wild magic e outro dos elementos que conseguiu escapar ao antigo assalto, e Doric, uma drúida da terra que Simon conhecia por já ter tentado “cortejar-la” sem sucesso, que é capaz de se transformar em qualquer animal que pudesse imaginar, incluindo a monstruosidade que é um Owlbear (uma criatura em que descrita por boatos foi uma

experiência de um mago a tentar cruzar uma coruja gigante e um urso que depois deu para o torto e que atualmente existe naturalmente espalhado pelas florestas). Com a equipa formada, este grupo entra numa aventura por Sword Coast para se prepararem para o assalto a Neverwinter.


Vendo esta história a desenrolar-se na prespetiva de eu próprio ser um Dungeon Master

em campanhas de D&D, dá-me um extremo orgulho o nível de detalhe em que a produção foi em termos de detalhe da própria lore de Faerûn e da história que queriam contar que foi nada menos que emocionante. Para além disso, gostei imenso de terem dado uso ao Underdark (uma das minhas áreas favoritas do mundo de D&D) para mostrar um lado mais obscuro e mais estranho em que só as criaturas mais perigosas habitam e tem um dos melhores bits cómicos de todo o filme se alguma vez preencheram uma Character Sheet. Toda a história parece (e deve ter sido) que foi construida por DMs experientes e adoro o facto de não deixar pontas soltas para uma possível sequela, pois na minha opinião não necessitam de fazer uma nova história com as mesmas personagens.

Ela começa um bocado lentamente muito por causa do uso constante de cenas em que

se vê as personagens a viajarem de um ponto ao outro do mapa (para demonstrar distância entre localizações), mas depois de a equipa estar formada ela avança a um “pace” mais rápido e mais interessante, com mais fazes de batalha entre eles e o inimigo (sejam eles os Thayans, guardas ou criaturas que encontram por acaso) e que acaba numa batalha final épica com o BBEG em que todos estão em sintonia.


Personagens / Elenco

Não vou entrar em rodeios. Chris Pine representou o Edgin Darvis perfeitamente e na

minha opinião não houve melhor escolha para representar um bardo tão complexo como o desta história. Ele foi feito para representar um bardo. Desde as motivações da personagem, do seu passado, da forma como tenta manter a moral da sua equipa, até às suas virtudes e defeitos, ele é o pacote completo e é claramente a minha personagem favorita do filme.

Isto não quer dizer que os outros atores tenham sido mais fracos em relação a Chris Pine.

Foi também uma surpresa e um prazer ver a Michele Rodriguez representar o papel de Holga, uma personagem que fala mais com os punhos e com armas do que com palavras. Mas quando fala, ou é para uma cena emocional, constrangedor ou, na maior parte das vezes, cómica que aprecio totalmente num bárbaro. Também gostei imenso do papel Justice Smith como o nosso half-elf Simon em que demonstra muito bem um arco em que começa com as suas inseguranças como feiticeiro de Wild Magic (que também é um dos tipos de magia mais difíceis de controlar) e que, no final, consegue executar qualquer feitiço com mestria depois de ganhar mais confiança em si mesmo à conta da ajuda dos seus colegas. E, por fim, temos a Sophia Lillis como Doric, uma tiefling que não demonstra qualquer tipo de confiança em relação aos humanos (tendo vivido sempre na floresta com a tribo que a acolheu) que só cresce com o passar do tempo ao acostumar-se aos elementos da sua party.

Passando agora para as personagens secundárias, temos o Xenk Yendar representado

por Regé-Jean Page. Xenk é o típico paladino (da mesma ordem dos Harpers que Edgin estava antes de se renunciar) Lawful-Good que pessoalmente não gosto muito, pois gosto de personagens com mais nuance no seu alinhamento. Tendo dito isto, este também foi um papel bem representado e achei uma grande piada numa das cenas dele posta pelos diretores que, sem dando spoilers, faz-me lembrar as piadas que eu e a minha party fazemos quando jogamos na nossa campanha e movemos as personagens de forma “um pouco duvidosa” pelo mapa.

Também temos o Hugh Grant, um ator que dispensa apresentações, a representar Forge. Forge, desde o momento que o conhecemos, mostra que tem motivos fora do que aparenta mostrar.

O que acaba por ser uma suposição correta pois foi ele que fez com que Edgin e Holga fossem presos ao início para servirem de bode-expiatórios e ninguém notar que ele roubou o artefacto de Szass Tam para Sofina. Ele não representa uma personagem má, por assim dizer. Em termos de alinhamento, eu diria que ele representa o Lawful-Neutral, o que é perfeito pois só quer saber do saque que ele arrecada no final, independentemente das consequências que as suas decisões dele possam trazer e, mesmo assim, educa a filha de Edgin como se fosse dele.

Por fim, temos a nossa vilã Sofina, representada por Daisy Head. Infelizmente, esta foi

uma das personagens mais “fracas” comparada com a do resto do cast. No entanto, também não condeno pois ela passa-se despercebida boa parte do filme a atuar nas sombras e com o tempo é que ela mostra mais os seus motivos como Red Mage de Thay e seguidora de Szass Tam. É que com um leque de personagens tão variado e tão bem representados, esperava igualmente o mesmo dela por ser a BBEG (Big Bad Evil Guy) deste filme.


Direção

Como já foi dito antes, este filme é como se fosse uma épica aventura construida por

Dungeon Masters que percebem da lore e das mecânicas do jogo. Isto deve-se ao facto de os diretores e screenplayers terem consultado várias vezes a Wizards of the Coast por dicas e indicações de como tornar o filme mais épico. Um dos exemplos disso é a própria prisão de Revel’s End, em que os diretores perguntaram à WotC se uma prisão com certas características existia no mundo de Faerûn sem sucesso. No entanto, a equipa da WotC meteu-se ao trabalho e criou Revel’s End, que eventualmente tornaram-na canónica com a introdução da campanha Icewind Dale: Rime of the Frost Maiden e a produção já tinha o que precisava para o seu filme.

Sinceramente, por muito que as localizações usadas para as backgroung shots sejam um

regalo para os olhos e mostram a imensidade do continente de Faerûn, acho que passaram muito tempo no início com essas cenas ao invés de fazer mais exposição de lore. Entendo o uso, mas achei desnecessária a quantidade usada.

Em termos de efeitos especiais, cenários e CGI, tanto a ILM, MPC Film e Crafty Apes

fizeram um trabalho espetacular na recriação dos locais icónicos de D&D, nos feitiços que

mostravam bastante impacto e nas transformações da própria Doric sem parecerem muito

“Uncanny Valley”, seja com animais normais como também com o Owlbear. Só um aparte, os fãs da Marvel ou vão adorar o Owlbear ou vão dizer que é uma cópia do Hulk dos primeiros filmes dos Avengers, pois há cenas em que esta criatura solta a sua agressividade e nada o para como a personagem icónica referida. Se existe uma cena que exemplifica o grande trabalho dos estúdios, a cena estilo one-take em que Doric tenta escapar dos guardas e do castelo de Neverwinter é uma delas. Eu até acredito que essa cena toda, aparte de certos takes, tenha sido toda gerada por computador pois senão teriam vários problemas com interação com os sujeitos em cena (sejam eles atores ou props a adornar o ambiente) e sombras e, mesmo assim, tem um aspeto realista o suficiente para enganar.


Conclusão

Resumindo, para quem jogou ou joga D&D, vai se sentir em casa com este filme. Com a

quantidade de referências que ele demonstra, a variedade de momentos cómicos e emotivos e a epicidade das batalhas e das missões, é como se estivéssemos a jogar essa campanha. Para quem não jogou mas agora está interessado em jogar depois de ver o filme, os meus pêsames por terem agora caído neste buraco e começarem a pedir por mais.

Claro que tem os seus problemas como, voltando a repetir, o início um pouco lento e certas personagens não estarem ao mesmo nível que o resto do cast, mas é um filme muito bem trabalhado e que merece ser visto e revisto. Eu até espero que mais saia deste IP como outros filmes e séries (Já têm duas temporadas e uma nova série por estrear na Amazon Prime sobre as campanhas Vox Machina e Mighty Nein respetivamente do grupo de Critical Role que também merecem todo o amor). Também espero que o jogo Baldur’s Gate 3 (desenvolvido pela Larian Studios e com data de lançamento anunciada para 30 de Agosto) seja um grande sucesso para considerar 2023 como o ano em que Dungeons & Dragons finalmente se tornou mainstream.

Avaliação: 4.5 Estrelas

Review por Mr. Henry.


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